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Orgulho E Vaidade
Orgulho E Vaidade

                                                           Orgulho E Vaidade

 

Allan Kardec confunde, quase sempre, orgulho e vaidade. E não são a mesma coisa.

O orgulho não é aquele sentimento complexo que nos leve a rejeitar o divino, porque aceitar a intervenção e a benesse constantes do divino implicaria retirarmos, a nós próprios, o mérito de tudo o que alcançássemos: conhecimento; fama; fortuna; posição; et cetera. Que é o sentido que Kardec lhe dá.

Orgulho é tão-somente a expressão da vontade que nos anime para realizarmos coisas com exclusivo mérito nosso e termina ! É aquele sentimento (um sentimento complexo e não simples) que subjaz a todo o ato de criação! Até porque, aliás, é através do mérito que se consiga tudo. E consiga com mérito, precisamente. Ou seja: de uma forma justa.

Particularmente, não gostamos de receber – sobretudo se o for de modo passivo. Isso é por nós tido como um não merecimento. Os oportunistas é que adoram receber gratuitamente, sem esforço algum que justifique a mercê. Portanto: sem mérito. Isto é: injustamente.

Gostamos, sim, de conquistar: de conseguir as coisas por nosso empenho e pelas nossas capacidades. Com luta. Ou seja: com mérito. E só aí descansamos, satisfeitos connosco próprios pelo sentimento do objetivo cumprido. Sem pavoneamento nem alarde. E isso por si enriquece-nos, fortalece.

A vaidade, essa sim, é que nos incha, por sentirmos que conseguimos, ou que detemos algo de suposto valor. Como a inteligência. Ou a sagacidade. Ou a intuição. Ou a sensibilidade artística. Ou a riqueza. Ou a posição social. Por exemplo a mulher que seja vaidosa por ter rosto e corpo muito atraentes: passa na rua com o queixo levantado, como se fosse a melhor coisa do mundo, espécie de rainha da atração sexual: «sou atraente» e «todos ficam de olhos em bico», dirá de si para si mesma.

Isso é vaidade: pura vaidade. Porque ela nada fez para justificar tais convencimentos. A beleza chegou-lhe gratuitamente, como uma dádiva da Natureza. E serve-se disso para desprezar ou subestimar os outros, ou até espezinhá-los, ou para querer escravizar um homem, reduzindo-o a servo em razão do fascínio que a beleza dela exerça sobre o coitado, sentindo-se superior a todos por via dessa benesse. Mas uma vez conhecendo-se a peça, fica-se a perceber ela nada ter dentro da alma. Nem inteligência. Nem bondade. Talvez somente alguma astúcia.

Assim é que então se deva falar da vaidade dos humanistas ou do cientista, que sempre encerra uma pequena dose de merecimento e de verdade, embora apenas pequena, ou seja: somente aparente – e não falar-se num orgulho da parte deles.

 

EV,

3-1-2014.