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A Loucura
A loucura é um excesso. E uma incapacidade - por excesso.
O louco é aquele que não simplesmente excede a razão, transpondo os limites do discurso razoável, mas que sobretudo deixa de ser capaz de gerir o discurso em geral.
A loucura é a razão esfrangalhada – e a perda de sentido que daí resulta.
Mas assim desfeita, por falta de capacidade em continuar a gerir um discurso que ultrapassou os limites da sua aplicação.
O louco é aquele que, tendo ido um pouco mais além (!), todavia deixou de encontrar e de reconhecer, nos instrumentos que a racionalidade normal utiliza (imagens, juízos, conceitos...), elementos para poder continuar a compor os juízos, raciocínios e argumentos de que se serve a fim de produzir os seus discursos.
Por isso a loucura não se trata de um sub-racional, mesmo não se podendo considerá-la um sobre-racional.
Ela será, tão-somente, um esboroar da atitude racional, por exceder-se os limites da capacidade intelectual circunstancial, quer em termos de base discursiva (isto é: a cultura disponível), quer em termos de volumetria cerebral (ou seja: a disponibilidade instrumental).
Edmundo Vallellano,
2-4-14.