Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

A «Estrutura» Natural
A «Estrutura» Natural

Aparentemente, a Natureza é uma estrutura. Uma estrutura de estruturas, até. O Universo estrutura-se em galáxias. Aparentemente. O nosso esqueleto é uma estrutura do organismo, o qual faz parte do dito Universo. E esses dois, como meros exemplos.

Mas aquilo que seja manifestamente dinâmico poderá ainda considerar-se estrutural?

O Universo é, para a evidência sensorial, uma estrutura dinâmica. Apesar de as estrelas a nós parecer-nos surgirem sempre na mesma posição relativa, tal como a Lua ou Marte, ou a galáxia vizinha M 31, malgrado as estações do ano e as variações que estas implicam, devido à rotação do eixo terrestre.

Mas nada disso se encontra estático. Ao menos, do ponto de vista sensorial. Que, já de si, propriamente não é uma garantia de assertividade, quanto mais de categorismo (a asserção é uma verdade menos certa do que aquilo que se considere categórico; o que seja categórico quase se torna logicamente irrecusável, pelo menos em aparência...).

A certeza não ocorre a nível sensorial. Pois, a esse nível, estamos no pleno domínio da aparência. E a aparência é uma ilusão, na radicalidade da consideração.

E por que razão é que se tenha de considerar ilusória a realidade sensorial, que é aquela que apreendemos, que assimilamos ou captamos, através dos nossos Sentidos (os quais Sentidos contêm a visão, a audição, o tato, o olfato, o gosto, a sensação de pressão, a sensação térmica, esta erroneamente colocada sob a sincrética alçada do tato, tal como acontece com o sentido da pressão, uma vez que o tato não se resume aos dedos e restantes terminais nervosos do organismo, mas sim a todo o conjunto sempre que este se comunique com uma qualquer exterioridade, seja mais violentamente através do contorno corporal que a pele representa, seja mais tenuemente por meio do campo eletromagnético do sujeito, assim não se podendo confundir a sensação que tenhamos de calor ou de frio com a sensação de que algo, por exemplo um gato, se encontre do nosso lado direito porque sentimos o seu roçar através do nosso braço direito, acrescentando-se-lhes, ainda, a sensação indeterminável, que se trata da extrassensorialidade, que alguns têm e contudo não se apercebem dela, outros a detêm mas em grau menor que outros mais)?! Por quê?

Ora: é precisamente pela mesma razão que não podemos considerar estática a dinâmica do Universo. Porque nada, no Universo, mas absolutamente nada, se encontra estático nele. Um diamante qualquer poderá até tornar-se o derradeiro elemento natural a degradar-se, eventualmente. Mas por fim já não será mais o diamante que num outrora fora! Pelo que o aspeto estrutural acaba se diluindo na ilusão sensorial, que é uma ocasionalidade, um simples momento.

Passado o momento da sensação, que é um tempo de ilusão, nada mais permanece... como antes fora entendido. Pois não basta permanecer a fim de se ser: é preciso que se permaneça... sempre igual. Absolutamente igual, sem nenhuma flutuação, sem qualquer variação. E isso é a imutabilidade. A qual, então e por fim, confere a identidade a uma determinada realidade. Pelo que uma qualquer realidade só adquire a condição de realidade, quando se constitua permanente e imutável. Essa é a condição para se ser. Essa é a condição do Ser, a condição ontológica.

Ora: onde, na Natureza, se poderá encontrar uma estrutura assim? Em parte alguma, é a resposta. Pelo que a Natureza jamais poderá considerar-se uma estrutura do que quer que se considere.

Todavia, a dinâmica natural, ela mesma, uma vez considerada em relação à totalidade dinâmica, jamais constitui um dinamismo, uma vez que qualquer movimento, no absoluto da consideração, se torna não movimento. E é justamente por isso que as pessoas que passem por experiências de consciência em quadro clínico de morte aparente, errónea e simplisticamente ditas experiência de quase-morte (afinal, bem na esteira simplista das considerações filosóficas anglofonógenas, sejam as meramente positivistas, sejam as mais complexas, as quais representam a visão empirista e a consideração pragmatista, todas elas materialistas, embora de maneira simplória, candidamente crente), posteriormente afirmam, essas mesmas pessoas, haver visto suas vidas passarem diante delas, como se isso se tratasse de uma sequência pelicular.

Uma vez inserido na soma de todos os movimentos, ou seja: em relação ao absoluto, cada movimento deixa de o ser. E só assim se entende a realidade dos registos acásicos, a que eu denomino «registo dos tempos»: uma sequência de relações estanques, às quais se poderia denominá-las «imagens». Hologramas. Aparências (...de realidade), enfim. Isto é: ilusões.

O Mundo é uma imensa ilusão!

Mas é uma ilusão... enquanto experiência de consciência. Pois tudo aquilo que não seja passível de se tornar concebido, abandona, desde logo, o domínio da existência. Pelo que a existência efetivamente é-o, apenas na medida em que for conscientizável. Tudo o mais não passará de um simples nada, que detém uma existência de ordem puramente lógica, existindo no simples domínio da Possibilidade, mas não no da Realidade, seja esta qual for.

Qual será, então, a verdadeira estrutura da realidade natural e, por consequência, a de todas as realidades?

Pois nada mais, nada menos, que a... consciência. Mas terá de ser uma superconsciência, ou seja: uma consciência absoluta, que assim seja capaz de tudo abarcar, de tudo conceber.

E assim encontramos o divino e nos despimos de todo e qualquer elemento antropomórfico que o seu conceito possa conter. Uma vez que o divino é somente a génese/gênese da Existência e não o clímax de uma gradação, o topo de uma escala, de moralidade. Ele é a génese da Existência... precisamente como capacidade (e capacidade é força!) de concepção, exatamente enquanto consciência de ordem máxima e valor absoluto.

Deixemos o divino em paz, mesmo porque vozes de burro não chegam ao Céu, como sempre escutei dizer. Por isso o burro terá de ir pacientemente subindo esse honorável, mas também oneroso, caminho. A fim de que, por último, deixe de zurrar e conheça os segredos do outrora insondável.

EV,

05-01-2020.