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A Soberba De Um Invisual
A Soberba De Um Invisual

                                                           A Soberba de um Invisual

Leváramo-lo a almoçar certa vez e a nossa mãe também lhe havia dado uma cassete com poesia declamada. Decorria o 2004.

Mais tarde, 2005 ou 2006, dirigimo-nos sozinhos até onde ele residia com os pais, a fim de se lhe oferecer roupa.

Disse-se-lhe do que se tratava e a mãe, humildemente, agradeceu com alegria, em espontâneo reconhecimento pela utilidade da oferta (usada, mas conservada e de qualidade).

Todavia o SOBERBO começou logo a ironizar o nosso gesto e, num posterior encontro, indagado por nós, limitou-se a dizer que «a mãe [dele] gostou e pôs o pai a usar a maioria das peças». Igualmente confidenciando, enfastiado, que «as poesias da sua mãe são muito tétricas», pondo demasiada «ênfase na morte».

E quem passe pela aldeia, ainda hoje, lá o vê a caminhar solitariamente, ou então sentado nos bancos, sempre alegremente a cantarolar... .

Enfim: segu(i)ndo Kardec, este soberbo, já castigado por uma existência terrena pobre e invisual, arrisca-se assim a voltar... mas à Camões!

 

Edmundo Vallellano,

20-01-2014.