Criar um Site Grátis Fantástico
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

Afirmações
Afirmações

A Natureza é passagem.

E a passagem recai no domínio da ilusão. Que constitui uma mentira e não uma verdade. Pois a verdade que se baseie na mentira que a ilusão representa torna-se precária e logo deixa de ser verdade, para imediatamente transitar para o domínio da mentira. Uma vez que se é ou não se é. E esse é o princípio de identidade, que exclui uma terceira possibilidade – e por isso também conhecido como «terceiro excluído».

A verdade que não é, conhece-se como «aparência». Parece ser, mas por fim se verifica que não é verdadeiramente. E o que não seja «verdadeiramente», é uma mentira.

Mas a mentira só é mentira, para quem pretenda divisar realidade onde ela não exista. Ou pretenda tomar a aparência como sendo a verdadeira realidade. Porquanto todas as coisas e todas as relações naturais que as coisas determinam (e às quais chamam «fenómenos», que, depois de acontecidos, se tornam conhecidos por «factos», que representam os «atos feitos», completados, acabados), são aparentemente realidades num determinado agora, que de seguida já não o são mais, ou pelo menos não são ou serão como eram ou como foram antes.

É o discurso humano que faz da mentira não apenas uma verdade, mas até mesmo a verdade maior, a Verdade.

Contudo, para ser verdadeira, uma realidade terá de possuir a caraterística da CERTEZA. Não na sua existência ou quanto a ela, propriamente, mas na afirmação que uma outra realidade profira acerca dela, ou na afirmação que ela própria consiga pronunciar acerca de si mesma enquanto existência individual.

A verdade é a antítese da mentira, o seu oposto lógico. E esta é o que, parecendo ser, porém não é mais que uma ilusão de realidade, dado aparecer e por fim desaparecer, nem que a sua duração, ademais sempre mutável, em vez de se resumir a um simples ano, se arrastasse por milhões de biliões de eras.

Ora: o que pareça ser, é a aparência. Oposta à essência. Pois esta, provindo do verbo latino que deu origem ao verbo «ser», indica o Ser, que não é mais do que aquilo que uma certa realidade é, sempre e imutavelmente. E não o ser-se agora assim e logo de seguida sê-lo já de uma outra maneira. Pois isto é a aparência.

Poder-se-á afirmar que a essência se trate da aparência que, não somente parece ser, mas inclusive o é. Porque permanece e não muda. E que a verdade é a mentira que afinal não é Verdade, pois tem de renovar, a cada instante, de forma imutável, a realidade que ela indica.

Já que... qual seja a verdade de alguém? Os cabelos negros dos seus vinte anos? Ou ruivos... . Ou os cabelos já totalmente grisalhos dos noventa e dois? A pele sedosa e esticada? Ou enrugada pela voracidade do Tempo?

Com madeixas negras ou grisalhas, pele lisa ou encrespada pelo Tempo, assim alguém apenas se apresenta. A cor do cabelo ou a textura da pele não podem definitivamente caraterizar uma pessoa. Nem sequer uma mera célula da sua composição biológica — dado as células morrerem e nascerem, numa sucessão vertiginosa ao longo da vida.

Onde está então a Verdade?

Fora da Natureza!

03-12-2016.