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A Teologia e o Divino (Ainda o «Padre Mário»)
A Teologia e o Divino (Ainda o «Padre Mário»)

Um padre católico-romano português marginalizado pela instituição (padre Mário de Oliveira) afirmou serem as «aparições de Fátima objetivamente impossíveis de acordo com a teologia».

Essa afirmação ingenuamente partiu das pressuposições seguintes:

1. Primeiramente, da premissa (crença) generalizada que reza terem as aparições de Fátima sido manifestações do plano divino no plano natural;

2. Que o plano divino é transcendente ao plano natural;

3. Que o Antigo Testamento narra a criação da Natureza pela Divindade.

E em todos esses pontos, mas sobretudo no terceiro, é que reside o busílis da questão. Pois a narração genésica da Bíblia fala de tudo, menos da criação da Natureza (o que efetivamente se narrou no Génesis bíblico, de forma metafórica e em poesia modesta, singela, simplista, porque naquele tempo não havia cultura humana para mais, foi a criação da vida na Terra há milhares ou até milhões de anos, mas não pela divindade, ou então narrou-se ali a manipulação genética da vida na Terra identicamente por parte das mesmas civilizações cósmicas que visitaram este planeta faz muito tempo — e continuam fazendo-o).

Quanto ao conceito de transcendência, ele peca pelo fa(c)to de necessariamente implicar dois tipos de realidade de naturezas completa e radicalmente distintas, de tal forma, que jamais comunicariam uma com a outra e até se desconheceriam em absoluto — já que, de contrário, não seriam propriamente transcendentes uma à outra, ou apenas uma em relação à restante. Pois, se uma delas conhecesse a outra, ainda que fosse por ela ignorada, ou se houvesse algum ponto qualquer de contato mínimo, deixariam logo de ser transcendentes. Pelo que a transcendência nos remete para a inexistência, uma vez que uma realidade a nós transcendente por nós jamais será alcançada, sendo ignorada por completo, o que vale também para essa realidade transcendente, que sempre nos ignoraria, por não nos alcançar, equivalendo tudo isso a ela não existir para nós e nós não existirmos para ela!

A Natureza surgiu com a Grande Explosão Originária, a que anglofonamente denominam Big Bang. E ainda assim, este fa(c)to está mal explicado.

É um fa(c)to, porquanto foi cientificamente mais ou menos bem provado. Edwin Hubble, no decurso de sua investigação cosmológica no primeiro quartel do século vinte, percebeu que certos objetos cósmicos não eram estrelas nem simples nuvens de gases e poeiras e que se localizavam fora da porção cósmica à qual nós pertencíamos, mesmo por causa de sua grandeza física. Assim finalmente chegando à conceição/descoberta da existência de galáxias compondo (localmente, ou agrupadamente) o Universo. E verificou, então, que a luz dessas galáxias, no espetro luminoso por elas emitido, sempre fugia para o vermelho, o que significava que aí se registava um efeito paralelo ao de Doppler (que é aplicado ao som), mas agora respeitante à emissão luminosa. Logicamente se concluiu, nesse passo, que o Universo estaria em expansão, uma vez que as galáxias, na sua generalidade (...), se vão afastando umas das outras (a Via Láctea, que é a nossa galáxia, e a galáxia de Andrómeda, que é a mais próxima de nós, por acaso parece se aproximarem e tenderem a chocar...).

Ora: se o Universo estava em expansão, seria porque tudo, antes, nele ou dele estivera reunido em uma só realidade oposta à da expansão.

E aqui se coloca o problema maior: conceber essa protorrealidade, essa existência primeira.

Os cosmólogos contemporâneos, agarrados ao empirismo filosófico e ao inerente sensorialismo, concluíram que tudo estava reunido em uma única entidade física, sem espaço nem tempo (boa conclusão!), a qual se expandiu subitamente e depois explodiu.

À parte essa expansão inicial, impossível de acontecer onde não havia espaço (!!), tudo o mais está concebido com lógica.

Hegel afirmou, largos anos antes de Hubble, que antes havia apenas o Espírito Absoluto, o qual, por uma contradição entre o seu ser (como «espírito») e o seu não-ser (como «matéria»), gerada no seu seio, produziu a Natureza através da superação (por síntese...) dessa contradição. Não vou perder mais tempo aqui a rebater Hegel, pois já o fiz em outras passagens minhas noutros escritos (ele considerou que, sendo absoluto, o Espírito, que é a divindade, necessariamente teria um absoluto de Ser; porém, ele era apenas espírito, não matéria; como tal, faltava-lhe essa parte material no seu Ser, pelo que tal Ser seria incompleto, o que torna a coisa simplesmente absurda, já que um absoluto não pode ser incompleto — acontece que estas considerações hegelianas partem de premissas viciosas prenhes de positivismo e de humanismo, pois entendem que existem duas realidades e totalmente distintas, a mental/intelectual e a física/material, além da dificuldade que existe para se compreender o que efetivamente seja o plano intelectual e o integrar no amplo domínio da realidade natural — — coisa que começa a se tornar possível a partir de um enquadramento delineado pela física quântica e em associação ao princípio de incerteza de Werner Heisenberg).

As filosofias orientais já haviam concebido dois princípios universais: o yin e o yang. Que se casam, quase na perfeição, com a filosofia alemã de Hegel.

Mas não são a mesma coisa. Porque a filosofia do Yin e do Yang, bastante mais simples que a de Hegel, todavia faz-nos perceber que o múltiplo resulta da dualidade, não da uni(ci)dade. Mesmo que fazendo, os dois elementos, parte de um único perfil universal, dado que yin e yang não são transcendentes um ao outro, mas autonomamente codeterminantes de uma Realidade que permitem criar, por sua associação.

Então, ou antes do Big Bang havia uma duplicidade, ou, como a lógica indica, haveria uma unidade que se desdobrou, criando assim a tensão necessária para a multiplicação universal, por sua vez só possível mediante uma explosão.

Esse desdobramento (que parece constituir a suprema ilusão...) produziu então o espaço e o tempo. Pois havia a condição necessária para tal: a relação. Já que é a relação que determina o espaço e o tempo e não o contrário. Como mostro nos meus escritos (um prévio espaço vazio e oco não faz qualquer sentido e só se entende possível, uma vez concebido no panorama mental do sensorialismo, que nada sabe pensar sem recurso a um prévio espaço-extensão vazio que ele experimenta todos os dias, assim concebendo a realidade natural e tal como o fez Descartes). Sempre sendo necessárias pelo menos duas realidades para pelo menos haver uma relação.

Os religiosos da teologia, igualmente prenhes do sensorialismo, não souberam perceber a sutileza da distinção entre o mental e o físico, que não constitui uma distinção de natureza, propriamente, mas sim uma diferença especificamente funcional.

Pois a matéria simplesmente não existe tal como a concebem. Ela é apenas uma forma de energia. Em baixa frequência vibratória. E nada mais que isso! Porque o que realmente existe é a energia. E no ponto inicial do Universo essa energia detinha seu valor máximo: era pura energia.

Num plano ainda mais além do puramente energético pode encontrar-se a vibração pura, essencial, que de fa(c)to infunde toda a existência. E é aí que reside o espírito.

Como tal, o espírito está na base do corpo, correspondendo-lhe em termos vibratórios. E é o espírito quem tem consciência, não o corpo. Este apenas reúne sensações e comunica-lhe situações vitais — através do cérebro, que se trata do órgão gestor ou administrador do organismo e não a fonte de pensamentos e de consciência que nos querem fazer crer que ele seja. Pois o cérebro é insuficientemente capaz de gerar atividade superior.

Ora: tudo isto o pobre padre Mário, assim como tantos outros pobres, ignora. Julgando que o aparente dois não possa ser um só. Como duas pontas de um único veio. E inocentemente caindo na esparrela cristã de a Bíblia falar de Deus, quando o que se passa e passou é muito diferente.

O divino não intervém na Natureza não porque não possa (se é divino, então pode, porquanto é onipotente! E o padre Mário ignora isso!), mas porque não deve. E como «não deve», deixa de poder! Já que a Existência não é um patético puzzle de miúdos, mas sim um processo sério maduramente perpetrado e obedecendo a rigorosas leis de constituição e de funcionamento.

O que se passou em Fátima em 1917, sejamos definitivamente claros, foi um conjunto de episódios do domínio ufológico. O divino é outra história. Que Hegel, até ele mesmo, ignorou. E que o próprio padre Mário, na sua santa inocência, desconhece.

18-12-2016.