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As Meias das Irmãs
As Meias das Irmãs

                                                                                     As Meias das Irmãs

No ensino colonial do Estado Novo português aprendemos a dizer meio-irmão, meio-irmãos, meio-irmã e meio-irmãs, porque o termo «meio» da composição vocabular por justaposição adquiria ali género neutro. Embora «meio» seja masculino: diz-se e escreve-se «o meio».

Mas era aquela a lógica do docente.

Que seria um ignorante?

Cremos que não.

Pois o meio, ali, só deve ter género neutro, aliás, assim equivalendo a «metade».

Ora: a metade, embora substantivo abstrato feminino (a metade), todavia não determina feminino nem masculino gramaticais quando acoplada a certos substantivos, para que pudesse eventualmente transformar o metade-irmão num feminino por causa da prevalência da metade ali, tornando-o em algo como: «eu sou a metade irmão de fulano», em vez de «sou o metade irmão» dele. Pois sendo alguém do sexo masculino, deveria dizer «o»; mas convencionalmente correspondendo metade ao género feminino, dado dizer-se «a metade», enquanto substantivo abstrato, então aquele masculino teria de passar a dizer: «eu sou a metade irmão».

Há palavras que não têm masculino ou feminino em português: são neutras; não se diz: o Angola ou a Angola; o Marte ou a Marte – et cetera. E certos géneros tornam-se neutros em determinadas circunstâncias... . Assim como a palavra egoísta é, em género gramatical, ambivalente: pode dizer-se o egoísta e a egoísta, pois vale para os dois sexos.

Ainda que o masculino ou o feminino sejam uma (aparentemente estúpida) convenção arbitrária da linguagem. Sendo por isso muito mais racionais as Línguas que não possuam géneros!

Agora, porém, ouvimos dizer (e escrever!), até mesmo a gente (supostamente) letrada, meia-irmã, meias-irmãs.

E então para os irmãos? MeioS-irmãos??

Pois é! Meios-irmãos, que assim consagraram e escrevem, ó santa ignorância institucionalizada pelo facilitismo pseudodemocrático! Pois é o povo ignorante que tende a dizer meia-irmã! Talvez porque as irmãs usem meias no inverno. Ou porque sejam como a Pipi das meias altas... . E as Línguas desde sempre foram conduzidas pelo linguajar popular. O que é mau, aliás é péssimo, sempre que essa Língua pretender aceder a outros níveis de concetualização!!

Trata-se de uma ignorância – e de um obvismo evidente! E de cacofonia, além do mais – sobretudo ela! Pois soa mal. Muito mal. Soa... a ignorância – jactante!

Correto é dizer-se e escrever meio-irmã e meio-irmãs, meio-irmãos, porque o termo «meio», aí empregue enquanto elemento de composição, significa «metade» num sentido completamente neutro, equivalendo a: metade-irmão(s), metade-irmã(s), sem especificar o género gramatical, que sempre é determinado em função dos géneros sexuais.

À falta do neutral it inglês, omite-se o artigo genérico nas Línguas que o não possuam.

Aliás: se se tivesse de seguir a generização gramatical, ter-se-ia de dizer e de escrever: «a ovelha ronhosa do rebanho é ele», em vez de: «o ovelha ronhosa é ele...».

Porém construindo a frase em torno do seu núcleo lógico e não do núcleo gramatical, como esse núcleo é masculino, dir-se-ia corretamente: «ele é o ovelha ronhosa»!

Convenções. Puras convenções.

Então: meio-irmã e meio-irmãos.

Ou será que qualquer dia ver-se-á também escrever metado-irmão e metada-irmã? Se calhar... . Que seria para especificar melhor... .

Dizer e escrever meia-verdade é absolutamente incorreto!

Será a verdade da meia?

Ou o chulé!?

Ou a meia da verdade?

Então qual será o correto?

Semi-verdade. Agora: semiverdade.

E este «semi», por exemplo, não tem feminino nem masculino enquanto elemento linguístico isolado. Pois não dizemos o semi ou a semi. Seja como simples elemento prefixal de composição de palavras, seja como irreconhecido substantivo abstrato se fosse empregue no sentido de metade.

Então o «meio» dever-se-ia utilizar geralmente e apenas com a semântica instante de: «instrumento», como sinónimo de «modo».

E o meio das justaposições terminológicas por último substituído pelo prefixal semi! O qual, aliás, deveria também adquirir estatuto substantival.

Assim dir-se-ia, ou escreveria: a semi-irmã dele; o semi-irmão dela; os semi-irmãos e as semi-irmãs.

Nós continuaremos a dizer e a escrever meio-irmãos e meio-irmã(s)! Preferimos a lógica antiga, pela qual aprendemos muitas coisas corretamente – ou seja: com lógica. Pois assim era!

Até porque as Línguas, obedecendo a uma lógica muito própria, muito delas, todavia não são matemática nem os gramáticos uns tiranetes inquisitoriais. E se forem, há que varrê-los do mapa! Como a tudo o que é mau ou ilegitimamente impositivo. Tipo ciência empírica materialista.

 

EV,

19-02-2014.