Menu | Edmundo Vallellano |
«...Ele não conseguiu temporizar o timing...» foi o que disse um (necessariamente pândego) comentador de bola televisivo. (Pelo menos) Bem-falante, cool – e supostamente culto, até.
«(...) ...Os tempos de contemporizar... (...)» foi o que disse OUTRO pândego da bola!
Ainda:
«(...) ...É o tempo de retemperar... (...)». Outro mais.
Não que esta seja uma forma errada, em termos gramaticais, pois retemperar vem de tempero e não de tempo, embora a raiz das palavras seja a mesma. Mas o certo é que se torna cacofónico. Mesmo pelo facto de as Línguas novilatinas e portanto a portuguesa terem muitas opções: momento de retemperar poderia ser uma opção. Ou instante de... .
Entretanto outra:
«(...) ...Falta criatividade para criar... (...)».
Um dizia: «(...) ...Está à espera de pai... (...)».
Achámos a frase estranha! Um jogador da bola e já bem adulto está à espera de pai? Então ainda não nasceu? Chegámos a admitir que as leis da relatividade einsteiniana se aplicassem à bola terrestre... .
Mas não. Pois era tudo, afinal, uma simples questão (mais uma!) de temporização! Tratava-se apenas de um jogador chamado Depay, nascido na Holanda global de origens diversas, que estava à espera que alguém lhe passasse a bola ou a quem entregá-la, temporizando... .
A derradeira (porém lida) foi:
«(...) ...Deschamps, o temporizador... (...)».
Bem: certa vez Manuel José, simpático (e inteligente) treinador da bola português-algarvio, disse que «futebol é momento». Talvez por isso a onipresença do tempo na gíria destes comentadores da especialidade... .
Houve um inglês que disse:
«(...) ...A very cynical tackle... (...)».
Uma abordagem cínica de um jogador a outro? Com os pés? O cinismo já foi para os pés??
Esta gente da bola é realmente divertida... ...!!! Ainda que repetitiva, monocórdica.
30-6-2014.