Menu | Edmundo Vallellano |
Era uma noite de verão, 2011, jantava, na companhia da minha inesquecível mãe, no hotel de Mariano Gato. No Alentejo.
Poucos hóspedes ali comiam.
Uma comensal chama-o, mas ele nem ouve. É que o olhar repousava no vazio que a sala não preenchia.
Senhor Mariano Gato, estão a chamá-lo. Aquela senhora ali.
E ele, trazido, pela nossa voz, de novo a esta realidade, lá foi atender a pessoa.
Depois, comentando connosco, disse:
«Apetecia-me estar longe, a viajar, viajar, viajar...»...
O olhar de Mariano Gato efetivamente repousou no infinito por aqueles instantes, apercebemo-nos disso no próprio ato. Num incomensurável desejo de evasão... ...do mundo. Do corpo. Da (sua) vida.
EV,
24-05-2016.