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A Tese Da Expiação
A tese das encarnações, visando a perfeição por expiação, não faz sentido por três razões:
1. Teria de haver uma pureza originária e uma mácula posterior, o que não se entende; o puro não se turva vez alguma! A não ser que o procedimento tenha a ver com a ignorância e a sapiência e que o sentido vá da ignorância à sabedoria. Mas a pureza originária implicaria sempre moralidade imaculada! Pelo que a desmoralização se torna aí perplexa.
2. A necessidade de tantas encarnações pressupõe a contração de uma nova mácula por cada encarnação, assim não mais terminando o ciclo da necessidade das reparações.
3. O progresso seria feito à custa do despedimento das marcas das maldades praticadas, até se ficar completamente livre delas e bonzinho de todo, ou seja: espírito puro, absolutamente perfeito; mas essa bondade pressuporia desvirilização moral do próprio espírito, uma vez que a categoria do Mal deixava de existir como polo de comparação no padrão da moralidade, assim redundando o progresso, em derradeira análise, em anulação existencial do indivíduo espiritual.
Conclusão: a um eventual domínio espiritual não se aplica o antropomorfismo da moralização nem a naturalidade do nexo causa-efeito. As razões são outras e os percursos obedecem a princípios cujo sentido não atingimos em absoluto!
A Deus o que seja de Deus e a César o que de César tivesse sido.
EV,
5-1-2014.