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Breve «manifesto filosófico» (versão bras.ª)
Breve «manifesto filosófico» (versão bras.ª)

Breve «manifesto filosófico» de ordem sociológico-política:

1º. Segundo a «causalidade sociológica»:

— «Sociedade» é uma coleção de indivíduos, da mesma espécie ou de espécies diferentes, unidos por INTERESSES comuns (causa 1ª), a qual sociedade, através desses interesses e por conta das conquistas tecnológicas alcançadas, se move para OBJETIVOS que sejam coincidentes a todos seus membros (esta é a causa 3ª, a causa final, teleológica – a causalidade intermédia, que é processual, constitui a 2ª causa na dinâmica evolutiva desse curso coletivo e tem que ver com a complexidade da inter-relação que nele ocorre, com todo um desfile de contradições e de coincidências que surgem durante o jogo da múltipla relação social que acontece entre seus elementos constitutivos). Já uma «civilização» representa uma composição de sociedades, embora também possa dizer respeito a uma simples sociedade sempre que nela não se verifique a diversidade originária, seja esta a diversidade de espécies, seja a diversidade meramente etnográfica, diversidades essas que se tornam necessárias para a complexificação do processo.

O procedimento histórico de constituição de civilizações culmina na realização conjunta, que é cultural («cultura» é a soma de todas as conquistas alcançadas por uma civilização em seus diversos domínios, ou distintos aspectos, durante sua existência colectiva, assim a caraterizando sinteticamente).

Uma civilização começa sempre pela fase «planetária»: só pode ser considerada «civilização» quando suas diversas parcelas, constituintes e contribuintes, permitirem, através de harmonização, ser atingida a escala planetária, etapa que, na Terra, é identificada pelo termo «globalização» (e a globalização «terrestre» muito PARCIALmente se iniciou com base na histórica «rota da seda» graficamente publicitada pelas célebres viagens de Marco Polo, mais tarde adquirindo progressivo carácter verdadeiramente planetário através das navegações europeias quinhentistas, subprocesso este que se consolidou somente no século vinte após a denominada «Segunda Guerra Mundial» e que neste atual século XXI alcança sua expressão quase definitiva a partir da generalização, ou popularização, da comunicação, totalmente devida à tecnologia informática).

Toda civilização que haja alcançado a máxima expressão possível do desenvolvimento cultural em geral (e este, como já subentendido, implica o desenvolvimento a todos os níveis: político, jurídico, científico, tecnológico, enfim e numa só palavra: sociológico) não vive mais submetida às contingências do mundo natural e subjugada pelas leis da física: ela desenvolveu SUA PRÓPRIA REALIDADE, para isso criando ‘bolhas’ ou ‘bolsas’ artificiais de realidade física por ela própria congeminadas cientificamente e físico-matematicamente construídas, dentro das quais possa seguir vivendo livre da imponderável contingência do mundo natural (a existência planetária de uma civilização é a mais ameaçada dentre todas e não é somente por ser a mais primitiva na escala da tipologia evolutiva: a tectónica das placas, associada à vulcanologia; os cometas e asteroides; os choques eventuais entre galáxias, considerando a perigosidade já a uma outra dimensão, assim como aquilo que por agora ainda é desconhecido por nós, tudo isso representa um fator de risco para a existência física/material e portanto constitui uma provação suplementar para o desenvolvimento de uma civilização).

Uma tal civilização «superior maximamente desenvolvida» já ultrapassou as fases intermédias de «civilização estelar», primeiramente, depois «interestelar», a seguir «intragaláctica», «intergaláctica», «universal», «pluriuniversal» e finalmente «transuniversal». A Terra nem sequer cumpriu ainda a fase «planetária» em sua totalidade e seus profundos anacronismos e contradições ameaçam seriamente essa possibilidade evolutiva. Pelo que ela se encontra, por agora, na fase protocolar de evolução civilizacional.

Mas a criação de «bolsas de realidade física» para seguir existindo mais independentemente e sob uma menor ameaça de extinção todavia não confere, a uma civilização qualquer, o grau máximo de evolução. Pois a evolução máxima de uma civilização é alcançada somente no momento em que cada indivíduo não precise mais de outro indivíduo, uma vez que o progresso tecnológico e a evolução mental de cada membro da civilização em causa, conjugados, permitem, a CADA um, criar sua própria realidade, ser autor de seu próprio mundo/universo, em relação ao qual ele surja como seu criador DIRETO, como seu ‘Deus’, mas é evidente e sempre que aí será não mais do que um deus menor, uma vez que não detém a característica da eternidade que tipifica a verdadeira divindade, mesmo porque esta é, em boa verdade, a matriz de TODA existência; ela é a matriz da Existência, digamos simplesmente assim.

As civilizações que visitAm a Terra, seja em atividade de monitoramento, interesseiro ou não, seja em pura ação científica de sua parte, seja ainda movidas por outros interesses mais ou menos egoístas, ou mais ou menos desinteressados, ou mais ou menos altruístas, não são uniformes e obedecem a estritos padrões jurídicos que regem sua atividade, cosmonauta ou transuniversal. Mesmo tendo em conta os acordos mutuamente definidos e juridicamente estabelecidos entre elas.

2º. De acordo com a causalidade «política»:

— O progresso social não é necessariamente uniforme. Pelo menos na Terra não o foi! Hoje em dia assistimos a uma evolução geral DESCOMPASSADA, irregular, sem sincronia. Muito por culpa da heterogeneidade étnica e de sua consequente heterogeneidade cultural.

No passado terrestre o papel do chefe, que inicialmente havia sido o indivíduo mais brutal, que se impunha no grupo tribal por sua temeridade e sua violência, depois se tornando o mais hábil bruto, desempenhou função essencial para a constituição das sociedades humanas, instituindo a hierarquização social com geometria piramidal vertical não invertida. A evolução demográfica viu então surgir uma multiplicidade de «chefes», primeiramente representando cada sociedade e depois se verificando isso até mesmo dentro de uma só sociedade. Assim é que se alcança a Idade Média europeia com uma classe social denominada «nobreza» dirigindo os destinos de cada sociedade e em primeira mão beneficiando de todas as realizações dessa mesma sociedade, antes de todos os demais e em quantidade maior, sendo esses «demais» os simples produtores diretos (ou manuais) dessa riqueza geral e que vieram a se denominar «burgueses» em seu escol mais elevado, assim constituindo o «povo» privilegiado da época, em oposição às pessoas dos campos, estas sempre menos consideradas e por isso mais discriminadas socialmente.

A luta dessa burguesia contra o domínio senhorial (nobre) deu origem à filosofia económica liberal, que surgiu da intensa atividade comercial das sociedades mercantilistas pós-medievais que se encontravam já liberadas do jugo feudal e por fim culminando no sistema capitalista contemporâneo, embora a helênica Atenas da Antiguidade Ocidental também houvesse experimentado o bulício mercantilista da modernidade europeia e justamente na época da vigência da (verdadeira) democracia (*).

Mais recentemente vínhamos assistindo ao exagero do liberalismo, que se radicalizou, ou se ‘paroxizou’, como «ultraliberalismo», sobretudo nos Estados Unidos e em Inglaterra, embora se generalizando ao resto do planeta. E o equilíbrio entre egoísmo e altruísmo, que precisamente acontece no ponto em que ganha espaço a solidariedade social institucional, ficou ameaçado (**).

Ultrapassada essa fase transitória que presentemente vivemos (...) no âmbito do processo de evolução planetária humana, o progresso global por fim culminará, em termos políticos, na «holocracia», que é a sociedade da «participação» pública, por contraposição às sociedades da «representação» política em que a Terra sempre viveu mergulhada até hoje.

Mas a holocracia (que provém das componentes gregas «holos», o todo, inteiro, significando «-cracia» o Poder e o exercício desse Poder através de um Governo e dos Aparelhos de Gestão Administrativa e de Gestão Legal do Estado) não é a culminação da evolução política e por conseguinte não será o ápice da evolução geral. Ela não encarna o «fim da história» a que se arrogava o comunismo ideal marxiano (***).

A holocracia é a sociedade de inclusão e do exercício da «cidadania». Mas se trata, aí, da VERDADEIRA cidadania, pois, como escreveu Diderot, os poderes SEMPRE fizeram, das pessoas, meros «escravos», aos quais, no entanto, despudoradamente chamavam e ainda chamam «cidadãos»!

Outros equívocos e mistificações que NECESSARIAMENTE terão de ser ultrapassados são os usos de termos como «democracia» e «república», a cuja precisão procedo em meu trabalho «Holocracia: O Despertar da Consciência Política Para o Exercício da Verdadeira Cidadania». E assim procedo ali, precisamente perseguindo a finalidade de se poder vir a ter uma vida colectiva baseada na VERDADE e na TRANSPARÊNCIA.

— (*) A «democracia» foi um regime grego ateniense (a Grécia antiga estava dividida em cidades-Estado e por isso não se pode falar dela como um todo uniforme; a Língua era a mesma e muitos aspectos da cultura também; porém era distinta a divisão administrativa local e a independência entre as principais cidades e suas regiões periféricas era uma realidade; assim é que a portuária Atenas evoluiu para a democracia muito em razão de se haver tornado, naquela época, o maior centro comercial marítimo do Mediterrâneo, ao invés da interior Esparta, que permaneceu fechada em seu arreigamento espartano e aristocrata, enquanto a também portuária Tessaloniki, mais ao norte, acabou secundarizada pela maiormente acessível e progressiva Atenas).

Naquele tempo da Antiguidade grega era considerado «cidadão» apenas quem detivesse bens imóveis ou fosse senhor de grandes negócios na vida comercial ateniense. E só o «cidadão» detinha capacidade legal de «participação» na vida pública da cidade-Estado, porquanto somente ele dispunha da capacidade econômico-financeira para se defender em processos judiciais. Todos os demais, que eram as mulheres, as crianças e os jovens, os escravos e outros adstritos a essa condição, magistrados menores (estes eram agentes policiais, ou agentes meramente fiscalizadores) e estrangeiros (a menos que fossem estrangeiros muito ricos estabelecidos em Atenas por conta de negócios rendosos, como ocorria com alguns fenícios), não detinham riqueza para se defender judicialmente e assim todos eles não possuíam direito legal de participação na vida pública e estavam sempre dependentes de um «cidadão». Por isso é que eu redefino a «democracia», a democracia grega ateniense milenar (a única e verdadeira democracia até hoje existente), como havendo sido o «regime político geral dos proprietários». Uma vez que era necessário um sujeito qualquer ser legalmente considerado «cidadão» para ele poder participar na vida colectiva. E para ser considerado «cidadão», necessário era ele também ser «proprietário». Só que Atenas conseguiu eliminar a distinção que ainda continuou sendo feita em Esparta entre «pequeno» e «grande» proprietário, que nesta última prevaleceu como fator de distinção e seleção participativa. Daí Esparta permanecer «aristocrata» (de «aris-», comparativo sintético singular de superioridade «o melhor», e «-crata», por via de «cracia», «governo» ou «Poder»), ao contrário de Atenas, que assim popularizou, assim ‘democratizou’, precisamente, o direito de participação. Por isso o classificamos, a esse novo e final regime político ateniense, como «regime geral dos proprietários», uma vez que BASTAVA ser «proprietário» para poder participar, não já se confinando a participação, EXCLUSIVAMENTE, ao proprietário muito «rico» da conservadora Esparta (localizada esta na península do Peloponeso), por exemplo.

«Democracia» representava, então, gestão política da nação, ou seja: ela encarnava o «governo do DEMO», sendo esse «demo» nada mais que a «circunscrição administrativa» sobre a qual era exercido o «governo».

— (**) O «egoísmo» é o maior ‘câncer’ social e a razão direta da atual doença colectiva da ainda imberbe civilização planetária humana terrestre, a qual passa por uma «crise de valores» e se resume em «doença cultural».

A originária pulsão natural de cada sujeito, intimamente ligada ao instinto de sobrevivência, arroja cada um para uma necessária e implícita «afirmação» de sua individualidade, a qual a psicologia crítica identificou como «id». Quando essa pulsão não é devidamente condicionada pela sociedade no processo de educação do id, por forma a criar o «ego», que é o meio-termo saudável situado entre os dois extremos (entre a negação absoluta da individualidade do sujeito, que corresponde não a uma sua morte, mas sim e inclusivamente correspondendo à supressão completa de sua existência, e sua absoluta afirmação, sendo que esta implica a inexistência de qualquer outro indivíduo, como se o «eu» fosse um super-id), ficamos então a braços com a realidade do egoísmo, a que, para agravar a situação, lhe vê acrescentada a proteção jurídica desse mesmo processo, precisamente ao permitir, no âmbito económico da vida em sociedade, que não haja um limite de capitalização à atividade social do sujeito, seja na vertente econômica, seja em outra qualquer, apesar da diferença que existe entre a Europa comunitária e o mundo anglófono, por exemplo: aquela, tendo um entendimento mais social, por assim dizer (impondo limites aos ganhos dos indivíduos, como acontece nos prêmios do «Euromilhões» ou nos do «Eurojackpot», ao invés das «loterias» norte-americanas, as quais não impõem tetos aos prêmios que estejam em jogo, só para dar meros exemplos); este, o espaço anglófono, mais «liberal», mais individualista (a própria grafia maiúscula para a primeira pessoa singular da conjugação verbal, «I», na anglofonia, é disso um sinal evidente...). Pois o plano jurídico é que acaba sendo responsável pela estruturação social e pela dinâmica colectiva, uma vez que as conforma legalmente. É por isso que as «Constituições» dos países se tornam essenciais! Elas são, elas encarnam, a «Lei Fundamental».

Nietzsche fez a apologia do «egoísmo são», como contraposição ao egoísmo «doentio» (este não é mais que aquele egoísmo que seja assumido pelo indivíduo que não resolveu, em si mesmo, todas suas contradições, latentes ou já manifestadas), assim conseguindo uma feliz distinção entre os dois e portanto alcançando o equilibrado «meio-termo» da lógica social aristotélica.

— (***) Costumo afirmar que «a filosofia marxiana é uma filosofia segunda-liga», por comparação ao desporto competitivo. E por quê? Precisamente por ela se fundamentar na filosofia de Hegel, a qual parte do pressuposto de que todo o processo é «dialético» (da grega «dia-», de «di», «dois», ou «duplo», enquanto «-lética» resulta da grega «lexis», relativa ao verbo «legein», que genericamente significa a proferição e representa a conjugação semântica e a interligação funcional). Ou seja: se trata aí de uma dinâmica bipolar, em que a contradição preexistente entre dois polos determina, com base na interação deles, o processo natural em geral e o procedimento social em particular, sendo que este ocorre, ou tem lugar, justamente no seio daquele. E ora: nada mais improvado! Porquanto, em parte nenhuma nem em uma instância qualquer, fique minimamente garantida a dança bipolar, uma vez que as contradições entre um casal apaixonado, por exemplificação, podem não determinar um processo dialético de construção, ou «positivo», entre dois elementos, já que a irredutibilidade de ambos poderá emperrar qualquer dialética e desembocar em uma coexistência pacífica, mas absolutamente independente, ou em uma coexistência conflituosa, ou então em uma relação de subjugação e domínio, como acontece no exemplo hegeliano do «senhor» e do «escravo». Etc., etc. Pelo que a visão de Hegel, a cujo decalque Marx procedeu em proveito próprio, me surge ingênua, acrítica e acientífica, apesar da constante reclamação de Marx apontando nesse sentido, precisamente com a finalidade de tornar irrefutável sua teoria mediante tentativa de a couraçar através da palavra «científica» (para Hegel, o processo natural resultava de uma contradição entre Ser e Não-ser ; e da resolução dessa contradição surgia, como superação do impasse, o Fluxo da Natureza, a que ele chamou «Devir»; só que Hegel postulou, como ponto de partida processual, o «Espírito Absoluto/EA», que, a um tal nível, seja de linguagem, seja conceptual, não pode admitir uma contradição em seu seio, se servindo Hegel da mais elementar inocência para afirmar que o EA previamente ERA absolutamente como «espírito» e não como coisa física, concreta, material, palpável, sendo, portanto, um «universal ABSTRATO», que assim foi como ele o identificou, o que o levou a incorrer na ingenuidade antifilosófica de não perceber que um «absoluto» faz, por definição, precisamente prescindir de qualquer processo, pois ele já É desse mesmo modo absoluto; mais ingênuo foi ainda, tendo em conta que o «Devir», o Fluxo natural, constitui a ilusão completa, uma vez que quaisquer «agora» e «aqui» são imediatamente substituídos na unidade espaciotemporal seguinte, já que tudo, na Natureza, se move entre si e dentro de si, pelo que nada ali é estático e tudo ali muda, dessa forma – e muda permanente e perpetuamente!). Então, o famoso «fim da história» de Hegel, recuperado por Marx de uma forma interesseira, acaba sendo uma presunção intelectual de ambos; e portanto sendo, também, um longo exercício silogístico extravagante e, consequentemente, fútil, vazio de verdadeiro significado lógico e de autêntico alcance filosófico.

De referir, ainda, que a «filosofia marxiana» é uma coisa e o «marxismo» é outra. Pois o «marxismo» não mais representa senão uma vulgarização do trabalho filosófico de Karl Marx. Ou seja: o marxismo é a popularização da filosofia marxiana. Assim obedecendo à «cartilha da vulgarização» e não à filosofia de Marx.

Esta deveria ter entendido que a «proletarização» da sociedade, através de uma «ditadura», poderia não contornar o «representativismo» político, o qual foi desde logo originário e se consubstanciou no «centralismo democrático» de Lenine («centralismo» ali já implicava «representação», precisamente), ao qual se opôs Rosa Luxemburgo e sua mais justa visão distributiva do Poder. Tendo sido em muita proporção que a esse «centralismo democrático», ‘personificado’ pelo Partido político único, em regra: um «Partido Comunista», se ficou devendo a hipoteca de uma tal tipologia de regime, mesmo porque o pretenso revolucionarismo da máquina ideológico-política morria em uma reestruturação da sociedade que em NADA se mostrava justamente «REVOLUCIONÁRIA», mesmo porque quase tudo, desde a família até a educação escolar, passando pela hierarquização social, sobretudo esta, ficava NA MESMA relativamente à velha sociedade capitalista que esse socialismo emergente pretendia destruir e erradicar em definitivo.